ENGLISH - - ESPAÑOL

2006/08/15

As observações



Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini, Brasil. Integrante do Projeto.


Além de poder ajudar a simular e compreender os processos que ocorrem em impactos naturais temporários, a observação de uma colisão em condições de solo seco pode ser utilizada como experiência de controle para um futuro impacto que vise o diagnóstico do gelo polar da Lua.

O interesse pela contribuição dos grandes telescópios do planeta neste projeto está na sua facilidade de coleta de grande número de fótons em resoluções angulares menores que 0.4 segundo de arco ou no uso de seu sistema de ótica adaptativa para detecção do flash do impacto, passível de observar a estrutura do material ejetado e sua dinâmica ou, os traços e dinâmica das nuvens de gás da hidrazina com uma resolução de menos de 100 metros.

Os trabalhos em terra têm em vista a obtenção de imagens em infravermelho da evolução do flash térmico e o acompanhamento na Luz Cinzenta e sob luz solar, tanto no visível quanto em infravermelho, da velocidade e da dinâmica das nuvens de poeira desprendida bem como as características espectroscópicas desse material, o que pode gerar melhorias na compreensão de outros processos como o grau de escavação e os efeitos relacionados à força de gravidade.

A distribuição espectral da energia e as observações comparativas da reflexibilidade da poeira podem fornecer características quantitativas tais como a composição mineralógica, a porosidade, cristalinidade e a distribuição e análise das camadas finas (até um metro de profundidade) da superfície lunar. Essas camadas superiores, expostas aos raios cósmicos e partículas solares, são modificadas de tal forma que enfraquecem sua assinatura mineralógica quando da análise espectroscópica.

As observações em infravermelho, particularmente na escala de 2-20 mícrons, permitiriam um fechamento nos minerais lunares (piroxina, olivina) em locais chaves alvos, que complementaria as análises da SMART-1 - câmera multicolor de alta resolução (menos de 40 m/píxel) AMIE usada na banda de 0.95 mícron da piroxina e espectômetro infravermelho SIR , na banda 0.9-2.5 mícrons. Um cuidado especial terá que ser tomado para limitar e corrigir a luz que vem da parte iluminada da meia lua além dos 60 segundos de arco a leste do terminador.

Após a curta duração do flash térmico, pode haver um aumento remanescente da temperatura do solo lunar que alcança a noite cerca de -173°C (100ºK). O esfriamento poderá ser monitorado por algumas horas através das imagens térmicas em infravermelho.

O impacto não será visível a olho-nu.

Espera-se que a nuvem de poeira gerada possa ser visível (com telescópios) por alguns minutos.
É difícil estimar com precisão absoluta a reflexibilidade, o tamanho das partículas ( por isso normalizado por área) e a quantidade do material ejetado. É concebível, portanto, que essa nuvem possa ter uma magnitude visual bem mais elevada que m=11.5 , calculada inicialmente.
Por isso insistimos que os astrônomos amadores participem e realizem observações do evento.

O ar seco no horário e no local de observação, naturalmente, colaborará para o registro das ocorrências pós-impacto. O ar úmido que dispersa o brilho da Lua (moonlight), aumentando extremamente o brilho do céu, dificultará a visibilidade da nuvem de poeira levantada.

O uso de webcans serão extremamente úteis.
Por permitirem a gravação de centenas de imagens em um curto espaço de tempo, ocorrências procuradas frame-a-frame poderão ser detectadas, e detalhes fracos realçados para melhorar sua visualização.

Os observadores que farão o seguimento do material ejetado na Luz Cinzenta ou sob luz solar através de imagens em alta resolução em luz visível e/ou com o uso de filtros, através de CCD ou vídeo, não devem esquecer que, devido à brevidade do evento, para terem valor científico, essas imagens deverão ter seu tempo exato de ocorrência inserido nos frames.

Pede-se também que, a partir de agora, se obtenha imagens em alta resolução, com e sem filtros, dos pontos de impacto em diferentes fases lunares (ângulos de observação e iluminação), para serem utilizadas posteriormente com fins de se evidenciar, após o impacto e a queda do material ejetado, possíveis mudanças de cores, topografia e/ou outras novas características.

No Brasil, a Seção Lunar da Rede de Astronomia Observacional - REA http://www.reabrasil.org/lunar/ , está desenvolvendo e coordenando um projeto nacional de observações denominado SL/REA SMART-1 Lunar Impact Project http://www.reabrasil.org/lunar/smart1impact.htm , que está a cargo de Rosely Gregio - rgregio@uol.com.br Coordenadora Geral da Seção Lunar, José Serrano Agustoni - agustoni@yahoo.com Gerente de Projeto Impactos Lunares e Valmir Martins de Morais - valmirmmorais@yahoo.com.br Membro da Equipe de Observadores da SL/REABr (Secção Lunar - REA-BRASIL) e da campanha internacional Moon SMART Impact: Predictions and Observation Campaign que conta em suas fileiras com o também observador brasileiro Juan Miguel Hodar Muñoz - Gerente para o Projeto Topografia Lunar da SL/REA Brasil.

A campanha SL/REA SMART-1 Lunar Impact Project coordenará e coletará todos os dados, observações e imagens preliminares e obtidas do evento pelos observadores no país e os enviará para estudo e análise diretamente à coordenação geral do Moon SMART Impact: Predictions and Observation Campaing – ESA Scientific – SMART-1 sob a responsabilidade do Dr. Bernard H. Foing, e, a partir dele, para várias outras instituições científicas interessadas.
Estes dados deverão também ser inseridos no site do projeto nacional e estarão a disposição dos pesquisadores e centros de pesquisa.
A Association of Lunar & Planetary Observers está, no momento, também, desenvolvendo um programa denominadoo ALPO Smart Impact Project - http://www.zone-vx.com/alpo-smartimpact.html .
Seu coordenador , Sr. Briam Cudnik - cudnik@sbcglobal.net , compilará e submetará a ESA as observações obtidas pelos observadores desse projeto.

Lembremos que "Astronomia é colaboração". Palavras de Júlio Lobo